segunda-feira, 25 de julho de 2016

Desculpa...

Desculpa.

Esta palavra, pequena palavra de 8 letras, nunca significou coisa boa.

"Desculpa se te fiz mal"
"Desculpa se pisei no seu pé"
"Desculpa se te magoei"
"Desculpa..."

Logo, não haveria de ser diferente com nossas vidas.

Qual é a sua desculpa para continuar a - não - viver uma vida que se deixa pra depois?

Depois é o lugar onde moram os sonhos, é tão mais fácil postergar. Para viver sonhos precisamos abrir mão de algumas coisas, principalmente da nossa zona de conforto. A zona de conforto, como a própria expressão já conota, é confortável demais. É menos indolor encontrar desculpas para continuar na certeza. O novo é incerto, e isso assusta.

Me reservo o direto de transcrever um dos poemas de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, chamado Para além da curva da estrada:

"Para além da curva da estrada 
Talvez haja um poço, e talvez um castelo, 
E talvez apenas a continuação da estrada. 
Não sei nem pergunto. 
Enquanto vou na estrada antes da curva 
Só olho para a estrada antes da curva, 
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva. 
De nada me serviria estar olhando para outro lado 
E para aquilo que não vejo. 
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos. 
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer. 
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada. 
Essa é que é a estrada para eles. 
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos. 
Por ora só sabemos que lá não estamos. 
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva 
Há a estrada sem curva nenhuma."

Costumamos pensar e planejar tudo o que há para além da curva da estrada de nossas vidas. Pensamos na estabilidade da zona de conforto como uma certeza. A certeza de que nada nós atingirá, e de estarmos seguros. Mas não estamos, sinto lhe informar.

São tantos os fatores que podem nos atingir na nossa suposta certeza, mas preferimos não assumir riscos e, então, a saída é conseguir uma boa desculpa. Ao fazer isso, estamos mentindo para nós mesmos, e, sem perceber, nos sabotamos da pior forma.

Não entendo o motivo de tantos sonhos e desejos morarem no amanhã. A vida acontece no agora, o passado já foi e o futuro não nos pertence. Tudo passa tão rápido, o tempo foge do nosso controle. E, em um piscar de olhos, com muita sorte - pois muitos ficam pelo caminho -, estaremos sentados em uma cadeira de balanço, com o olhar distante, mãos enrugadas, e pernas cansadas, pensando em todas as desculpas que já demos para não viver uma vida plena. Nessa hora a desculpa vira arrependimento, e percebemos que já é tarde demais.

Qual é a sua desculpa?





domingo, 10 de julho de 2016

Transferência da residência do cidadão italiano para a Itália - Passo a passo.

Uma dúvida que muitos cidadãos italianos têm quando se mudam é: como pedir a transferência da residência do exterior para a Itália. 

Bom, vamos por partes.

A primeira coisa que o cidadão que vem para a terra da pizza tem que fazer é o codice fiscale. Para isso, você deve ir à Agenzia delle Entrate com o seu passaporte italiano. O número sai no mesmo momento (eles entregam uma folha impressa que parece aquela página de consulta de CPF, no Brasil) e você vai precisar dele para fazer tudo por aqui, até comprar um chip pré-pago. Para que seu codice fiscale seja emitido, não há a necessidade de se apresentar um contrato de aluguel. 

Passo 2: para iniciar os trâmites do pedido de transferência da residência para a Itália, daí sim, você deverá ter um contrato de locação, e aconselho que seja de, no mínimo, 6 meses, pois o meu era de três e quase não fizeram a minha transferência por ser um período muito curto.

Passo 3: o contrato de aluguel deve ser registrado na Agenzia delle Entrate. Esse registro pode ser feito pelo próprio proprietário/locador, sem que seja necessária a presença do locatário. 

Passo 4: com o contrato de aluguel e o comprovante do seu registro, o cidadão deve ir até a Comune (prefeitura) e pedir a transferência de residência do exterior para a Itália. 

Normalmente eles fazem um "appuntamento" para, aproximadamente, 30 dias depois. Então, se você precisa fazer o Permesso di Soggiorno do seu cônjuge, por exemplo, é melhor fazer o agendamento assim que chegar, pois a comprovação de residência do italiano é um dos documentos essenciais. 

Para fazer o agendamento na Comune, você não precisa ter o contrato ainda, o contrato deve ser apresentado na data em que você efetivamente vai pedir a sua transferência. Exemplo: você vai à Comune dia 2 de março para agendar o pedido de transferência da sua residência, e eles marcam seu retorno para o dia 2 de abril. Somente no dia 2 de abril você deverá apresentar o contrato registrado. 

Passo 5: depois de ir à Comune, você deve colocar na caixa postal e na campainha da sua casa o seu nome, pois isso é uma das coisas que o vigile (carabinieri) vai verificar quando for no endereço informado, para ver se você realmente mora lá. O vigile vai passar sem pré-aviso, pois é justamente a supresa o elemento chave (rsss). Ele vai dar uma olhada na sua casa e pedir para que você mostre o contrato de aluguel. 

Depois disso sua residência constará no endereço italiano, e todas as vezes que você alterá-la deverá informar à Comune.

Espero ter te ajudado. 



Se alguém tiver alguma dúvida, pode deixar mensagem por aqui, pela página do Facebook: @minhavidaem64kg, ou pelo canal do YouTube: Marina Sacco.

Não esquece de curtir a página e se inscrever no canal. 

sábado, 2 de julho de 2016

Vamos falar sobre saudade?

SAUDADE...

Quem sair do Brasil vai aprender o real significado desta palavra.

Pois é. Mudar de país é sensacional, muitas coisas boas acontecem. Uma nova vida começa e você tem a sensação de que pode abraçar o mundo. E quem não pode?

Mas a saudade estará lá, sua presença será sentida todos os dias. Como um fantasma que assombra e arranca lágrimas quando menos esperamos. Como uma ferida no coração que sangra, e nada se pode fazer para curar. Algumas noites esse sangramento não estanca.

Serão aniversários pelo Skype, abraços pelo FaceTime, bom dia e boa noite pelo WhatsApp, sonhos nos quais você se vê com sua família, fotos, vídeos. Abençoada seja a tecnologia. Às vezes penso como era na época em que meus avós imigraram para o Brasil, quando a comunicação era feita por carta e a correspondência demorava dias ou meses para chegar. Hoje com um clique fazemos tudo.

Sentimos saudades por nós e por quem fica. Dói saber que eles sofrem com a nossa ausência. Para quem  muda é mais fácil, pois temos o novo e a quem fica, resta apenas uma lacuna. Para nós uma inundação de novidades, e para eles o vazio.

Não dizem que ser humano é um ser adaptável? Então, esse será o momento de provarmos isso. Se habituar a conviver com essa dor que as vezes lateja no coração.

A saudade pesa, atormenta, tira o sono e, muitas vezes, o sorriso. A saudade será sempre uma ferida aberta, mas vou te contar um segredo: resistir a ela significa que tudo está valendo a pena.